Convidamos todos e todas para o I Colóquio Crítico de Direito, em homenagem ao Professor Thiago Fabres de Carvalho, inscrições ao final do texto no link, na plataforma Even3, participem conosco! Há tempos venho dizendo que desde 2020, o dia 26 de fevereiro passou a ser considerado por muitos o dia mundial da saudade. Tal fato, deve-se, porque numa quarta-feira de cinzas, no dia 26 de fevereiro, fim de um carnaval, partiu deste mundo alguém que justamente nos fazia ter a esperança de um mundo melhor. Seu nome: Thiago Fabres de Carvalho.
Quem teve a oportunidade de conviver com Thiago, seja como advogado, professor, aluno ou amigo, sabe o quão carregada de simbologia foi a sua presença nesta louca jornada chamada vida. E talvez só por isso, consigamos aceitar tentar entender o real motivo de sua partida em uma quarta-feira de cinzas, justamente quando o mundo da folia vai ficando mais triste com a partida do carnaval e começa a se centrar com o primeiro dia da quaresma. Muito embora, a chegada deste marco de um ano, seja motivo de muita nostalgia, saudade e gatilho para escrevermos um texto infinitamente melancólico, optou-se em não falar de morte, mas sim de vida, e da vida de alguém que foi capaz de mudar tantas vidas e lutou incessantemente pelo direito de todos terem humanidade em suas vidas. Certa vez, em um seminário deste nosso querido Sala de Aula Criminal, tive a oportunidade de homenagear meu querido amigo, dizendo que todos já tiveram em algum momento da vida, um professor, que de alguma maneira fez a sua perspectiva de vida mudar. E Thiago era justamente este Professor. Sim, com P maiúsculo, pois em um país onde a educação é dia a dia vilipendiada, quem se arrisca a viver da e na docência, merece uma chuva de aplausos e homenagens, pois se dispõe dia a dia, abdica muitas vezes de momentos importantes em sua vida, para tentar mudar a vida de um sem números de pessoas, que carinhosamente são chamadas de alunos. Amante da literatura russa e de Camus, músico, pai, irmão, filho e amigo apaixonado pelos seus, Thiago teve uma trajetória de vida que semeou por onde passou amor, alegria, humildade e muita bondade. Ainda é muito difícil falar de Thiago no passado, seja porque é difícil aceitar que alguém tão cheio de vida simplesmente tenha partido tão cedo, ou simplesmente por entender que viver é muito além de estar simplesmente presente em matéria. Pensador irrequieto, inconformado, Thiago inspira uma geração do Direito, que não se conforma com as mazelas do Direito, não se curva aos fetiches autoritários, e não admite as desigualdades que assolam a nossa sociedade. Dono de uma bibliografia extensa, Thiago deixa aos seus um legado de uma teoria crítico-criminológica que certamente é necessária para quem queira seguir carreira no Direito muito além dos manuais. Thiago continua vivo em nós, porque seu legado intelectual permanecerá sempre vivo, pulsante e inquietante, como sua convivência foi com quem teve a honra de conhecê-lo. Por sorte tive a honra de ser seu amigo, tive também a honra de tê-lo como avaliador externo de minha dissertação de mestrado. Muito embora nunca houvesse tido algum vínculo normal, me senti seu aluno ao longo dos últimos anos. No Direito, aprendi com Thiago que há de se combater sempre qualquer discurso autoritário, que busque deslegitimar a humanidade que há de existir tanto na tutela das liberdades, quanto também na prestação jurisdicional que tutela esta liberdade e por vezes chancela o sequestro do tempo que somente o Direito e Processo Penal podem proporcionar. Na vida, Thiago me ensinou a amar com uma intensidade que só quem conviveu com ele vai conseguir entender. Aprendi a dizer que amo as pessoas sem ter a mínima vergonha ou me apegar a qualquer convenção social que tente regulamentar o livre exercício de dizer o amor. Aliás, Thiago veio à este mundo para romper frontalmente as convenções, o establishment. E o fez com maestria. E com tanta maestria fez, que resolveu simplesmente partir justamente no dia em que a folia cessa, e de repente volta a grande ilusão que é a sensação de pureza da quaresma. De fato, este mundo nunca foi para alguém como Thiago. O que me conforta é saber justamente que até o último minuto, eu tenho certeza que ele estava sereno, pois no fim ele sempre soube que nunca se tratou de morrer ou viver, pois ainda que toda a sua grande humildade não o deixasse perceber quão grande ele era, talvez no fundo ele sentisse que sempre permaneceria vivo e que sua passagem foi capaz de plantar algo bom no mundo que ele tanto amou, e ama, pois nunca duvidem: ele está aqui! Thiago hoje vive nos lugares que mais amou: nas estantes das grandes livrarias e bibliotecas; nos trabalhos acadêmicos que não se conformam com o sistema; nas mentes que assim como ele, teimam em ser irrequietas; nos corações de quem é capaz de amar sem medo e na vida de quem tem coragem de lutar. Sexta-Feira - 26 de fevereiro de 2021 Painel 1 - 09:00/12:00 Abertura: Lenio Streck Debatedores: Paula Yurie Abiko/ Alberto Sampaio Jr/ Rodrigo Machado Painel 2 - 14:00/17:00 Augusto Jobim Fernanda Martins Daniel Duarte Debatem: Isabella de Paiva/Edson Facchi Painel 3 - 19:00/22:00 Raphael Boldt Thayla Fernandes Guilherme Moreira Debatem: André Pontarolli/Carla Tortato/ Paulo Silas Filho Inscrições: https://www.even3.com.br/iccddemdtfdc2021/
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