Um dia desses, ao ver um comentário sobre um ex-presidiário que obtivera sucesso na sua vida pós cárcere, fiquei a pensar: Qual o desejo da sociedade em relação aos egressos do sistema penitenciário? O comentário citado dava conta da posição de destaque que um ex-presidiário ocupava perante a sua comunidade, revelando-se notória a insatisfação daquele que o teceu. Para o autor do comentário, alguém que errou, alguém que feriu as regras impostas pelo Estado e pela sociedade jamais poderia ou poderá ter uma ascensão maior daquele que fora íntegro e retilíneo na sua vida social. Pois bem, devo concordar que esse, talvez, seja o pensamento da esmagadora maioria! Representa o triste senso comum de que aquele que comete um crime não é uma pessoa normal, é alguém que possui um cárater duvidoso, por isso, deve ficar sempre à margem da sociedade. Não obstante a maioria pense da forma descrita no parágrafo anterior, a conta não fecha. E não fecha pelo motivo de que a mesma sociedade que cobra do Estado a eficiência de uma política ressocializadora nos sistemas prisionais, para que os estabelecimentos penais não sejam, “ faculdades do crime ”, e sim instituições que cumpram o seu papel formal ressocializador, é a mesma que aponta, que julga, que não dá oportunidade, que fecha todas as portas. E ainda assim, quando alguém, tomado pelo brio, consegue superar todos esses percalços, a indignação toma o lugar da satisfação e não falta alguém para bradar: “ esse aí é vagabundo, já puxou cadeia e agora paga de santo!!”. Por mais inexata que seja a ciência criminal, sobre esse prisma, ela ganha um aspecto de ciência exata e me permite concluir que o foco da sociedade não está na satisfação com a ressocialização do indivíduo e sim em achar um alvo para justificar a sua própria ignorância. Guilherme Lins Acadêmico em Direito pela FCG/FACSUL Acadêmico em História pela UNINTER
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