Trata-se de um clássico da literatura de imensa importância, escrito por um dos escritores mais influentes do século XX, George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair).
Orwell e sua esposa que estavam recém-casados foram para Espanha lutar ao lado do governo Espanhol na guerra Civil Espanhola. Lutando ao lado da milícia do POUM- os trotskistas espanhóis. Na volta da Espanha após de ter passado por tantos momentos horrendos, visto tantas coisas barbaras, é que ele deu inicio ao seu livro em 1943, embora a ideia sobre o livro tenha surgido em 1937. A ideia do autor era analisar a teoria Marxista do ponto de vista dos animais. Sendo assim, ele criou uma história, ou melhor, uma fábula incrível. Imaginem os animais irracionais, assumindo o poder e ditando as ordens, no lugar dos humanos. Não olvidando que a história em comento tem por escopo uma crítica contundente ao regime da URSS (União da República Socialista Soviética) de Stálin. Na época Stalin e Trotski eram rivais na tomada do partido comunista da união soviética. A crítica se dá em razão de tamanha decepção com o socialismo, uma vez que, o próprio Orwell era socialista. Agora passaremos a falar em pequenas linhas sobre a “revolução dos Bichos” e deixando mais à frente alguns questionamentos que advém da reflexão da obra. O enredo da história se passa na Granja do Solar, onde temos o Sr, Jones que é o dono da Granja, logo, é quem dá as ordens e “cuida” de seus animais. Temos na história como os personagens principais os porcos que são os animais mais inteligentes. E em virtude disso, são os porcos que lideraram a rebelião para a tomada da Granja do Solar e assim, expulsar o Sr Jones dela, pois, os animais estavam descontentes porque passavam uma vida miserável, trabalhavam demais e tinha quase nada para sobreviver. Com a ocupação da Granja pelos animais, os porcos passaram a liderara-los. Dando início a uma nova era, a era dos animais, onde todos eles são iguais e jamais um animal poderá tiranizar o outro. Seguindo seus próprios princípios, qual seja o princípio do animalismo que teria sete “mandamentos”, numa acepção jurídica seria sete regras, como se fosse a Lei Maior deles, uma “Constituição Animal”. Eram as seguintes regras, ou melhor, mandamentos: 1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo. 2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo. 3. Nenhum animal usará roupas. 4. Nenhum animal dormirá em cama. 5. Nenhum animal beberá álcool. 6. Nenhum animal matará outro animal. 7. Todos os animais são iguais. Eram esses os mandamentos que estava sobre a supervisão de Bola-de-neve e Napoleão que eram os porcos mais inteligentes, e por isso tinham um algo a mais e mereciam estar na liderança pelo bem de todos os animais. Contudo, com o passar do tempo às coisas foram se desvirtuando aos poucos. Napoleão começou a ficar despótico; podendo não muito estranhamente se comparar ele a Stálin e ademais, fazer uma analogia do Bola-de-Neve a Trotski, que mais tarde viria a ser expulso da fazenda por Napoleão, que queria ter o controle de tudo. O mais cômico senão irônico é comparar os comunistas aos porcos. Os mandamentos passaram a não ser mais o que estava escrito e sim o que os porcos queriam que fosse, onde estava escrito claramente “Nenhum animal matará outro animal”, agora leia-se - Nenhum animal matará outro animal, sem motivo. Veja que a situação que era para melhorar em vista da “Revolução dos Bichos” e digo - pelos bichos, já não era mais assim. Começavam-se os puxadinhos hermenêuticos. Mais adiante exsurge um novo mandamento, ou melhor, o único mandamento que passou a vigorar na granja dos bichos, que, aliás, por decreto de Napoleão (o porco), retomou o antigo nome, o de Granja do Solar. E eis o mandamento: TODOS OS BICHOS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS BICHOS SÃO MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS. E a partir daí, muita coisa mudou, como por exemplo - os porcos passaram a negociar com os humanos, a dormir na cama, a usar roupa e muito mais do que tudo isso, passaram a andar em DUAS PATAS... Tudo o que eles eram completamente contra, começaram a fazer da mesma maneira ou até pior. E agora, cabe a nós algumas pequenas reflexões, porquanto para mais detalhe será necessário e muito recomendável à leitura do livro. Primeiro ponto a considerar e que fica bem nítido na obra de Orwell é a relação de poder, de quem está no topo da pirâmide e de quem está na parte inferior da mesma e o quanto isso interfere nas relações sociais. Sendo a obra do referido autor uma sátira ao comunismo ditatorial de Stálin, ela critica veemente a barbaria da malsinada ditadura de “esquerda”, denunciando as iniquidades de uma direção mão-de-ferro. Digo ”esquerda” entre aspas, em razão, de que para o autor a Rússia soviética, achava-se socialista, quando para ele ela corrompia com o ideal original do que seria o socialismo. Segundo ponto - a vetusta discussão Esquerda e Direita já não faz mais sentido quando se percebe por meio da obra, que, quem que está no comando, não governar com amor, com alteridade, não haverá um ambiente democrático, não haverá um mínimo de igualdade entre os seres humanos. No qual todos têm direitos e deveres a serem cumpridos e respeitados. Sem a exploração de um pelo outro e sim, com a ajuda mútua entre governante e governado. Ponto fulcral da história que se pode aperceber é como o PODER, tem a possibilidade de mudar o desejo, a intenção de quem está no controle, interferindo na relação econômica, política e pessoal. Por fim, a presente obra nos dá um leque de possibilidades para que possamos refletir a partir de uma ótica jurídica por meio da literatura. Fazendo essa importante interseção entre o direito e a literatura. Logo, qual seria a função do direito? Normatização das relações sociais? Impor limites? Controle social? Garantir direitos? Dessarte fica essa singela reflexão para todos. Kelven de Castro Soeiro Santos Acadêmico do sétimo semestre de Direito da Universidade Cândido Mendes- RJ Comments are closed.
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