As instituições que detém o poder da mídia hodiernamente, não mais atuam de forma idônea, utilizando-se dos meios midiáticos para informar e orientar a opinião pública, de acordo com os fatos reais. Hoje, estes atuam de forma a prevalecer os seus interesses, voltando o discurso para direcionar a opinião pública de acordo com suas concepções. A manipulação é de uma grandeza, que ao surgir um discurso hermenêutico, a massa social considera como de um patamar acima de sua compreensão, dificultando a atuação de intelectuais na mobilização das grandes massas, e respectivamente sua compreensão.
A globalização dos meios midiáticos, trazendo ao mundo contemporâneo toda a forma de comunicar clássica, tem agido e forçado de maneira negativa, os intelectuais, que se sentem sufocados ao novo universo da comunicação, cada vez mais rápido e dinâmico. Segundo Habermas (1995), “o preço do aumento positivo do igualitarismo, com o qual a Internet nos brinda, é a descentralização dos acessos a contribuições não redigidas. Nesse meio, as contribuições de intelectuais perdem a força necessária para formar um foco”. Contudo, outro problema se apresenta na nova realidade dos meios de comunicação. O intelectual perdera a sua produção racional na construção de um diálogo mais social, voltado para os anseios da massa, para tão somente atender ao seu ego, sua auto-representação, que acaba por diluir este indivíduo na vala comum dos atores midiáticos, buscando um ganho de poder com seus discursos simplistas e individuais. Assim Habermas (apud SILVA, 1995 pg. 8) descreve como:
Na mesma linha de pensamento, Pierre Bourdieu assevera que os intelectuais que atuam na mídia, por serem mais esclarecidos e independentes, deveriam se deter mais em construir um contrapoder crítico, capaz de proporcionar a todos (a nível macrosocial), um acesso aos conteúdos mais nobres e valorosos à reflexão humana, e deixar de preocupar-se apenas com seu ego e sua imagem midiática. Pois, somente estes pensadores, podem, com o uso dos mecanismos de comunicação, proporcionar à massa social, uma perspectiva mais contextualizada e reflexiva acerca das concepções das relações sociais, podendo assim desalienar-se das produções impostas hoje pelos meios midiáticos. Para Bourdieu (apud SILVA, 2000), uma proposta de mídia e uso pelos intelectuais que a compõe poderia ser:
Com a globalização, e o avanço fulminante da ciência e tecnologia, principalmente na área das comunicações, surge também o medo de este grande poder que se constituiu nas mídias eletrônicas, possa ficar concentrado nas mãos de alguns. A internet surge, como meio democrático de acesso e disposição de informações, contudo, também abre portas para apologias contra as diferenças, propagação de crimes, o acesso a informações já não mais protegidas, e uma série de outras situações, que causam certa incerteza sobre a era democrática da comunicação. Com isso, surge a importância de um diálogo plausível por parte da sociedade, no que pese uma atuação mais independente dos meios midiáticos, sem que haja interferência dos que detém o poder dos grandes meios de mídia contemporânea. Ademais, o atual cenário dos meios de comunicação, tem por base uma falta de regulação atualizada e positiva. A legislação vigente remota à realidade da década de 70, onde um sistema ditatorial era o cenário vigente. Não se tem normas atualizadas com o contexto atual, o que acaba por resultar no controle de poucos, em face ao poder que a mídia detém hodiernamente. De acordo com Enio W. da Silva (2012), a concepção de comunicação no rol dos direitos humanos, tende ser universal, de acesso a todos, sem distinção de classe, raça, ou posição social. O compartilhamento das informações deve ser a todos, contudo no Brasil, ainda permeia uma gama de excluídos, por não ser universalizado. Para que tal concepção se concretize, o debate social por alicerces nos meios de comunicação, programas de inclusão digital e uma normatividade dos meios midiáticos, se faz necessário, pois só assim o direito à comunicação se fará presente. Por fim, Boaventura de Sousa Santos (2005), discorre que as tecnologias da informação por um lado proporcionaram avanços, principalmente ao acesso à justiça:
Contudo para Boaventura, as tecnologias da informação além de ser um avanço, também tendem a ser um risco. Em todos os campos, social, político, econômico, jurídico, o novo contexto das mídias tecnológicas, apresentam estes dois vieses. Tendem a proporcionar: agilidade, acesso, rapidez em resultados, mas por outro lado, tendem a construir no corpo social que depende destes meios, uma dependência subjetiva, que cada vez mais molda e denomina o cotidiano destas esferas. Erni Bernkopf Graduando em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ/RS) REFERÊNCIAS BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. HABERMAS, Jurgen. Três modelos normativos de democracia. In: Lua Nova, n. 35, São Paulo: Cedec, 1995. SILVA, Enio Waldir. Esfera pública, cidadania e gestão social. Ijuí, Rio Grande do Sul: Editora Unijuí, 2012. ______. Sociedade, política e cultura. Ijuí, Rio Grande do Sul: Editora Unijuí, 2009. SOUSA SANTOS, Boaventura de. Semear outras soluções – os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. Comments are closed.
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ISSN 2526-0456 |