O detetive Dupin, personagem de Edgar Allan Poe, é considerado um precursor das histórias de detetive. No estilo das histórias vivenciadas por Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, ou ainda por Hercule Poirot, de Agatha Christie – e apenas para citar dois exemplos -, Poe criou um pouco conhecido detetive que possui seus próprios métodos de investigação, alcançando assim a conclusão de casos inusitados, cuja elaboração do raciocínio necessário para tanto é percebida estando presente em poucas mentes pensantes. As histórias de detetive foram (e assim são) muito famosas pelo seu estilo de narrativa e pelo ambiente na qual se encontravam inseridas. Por mais que a cada história, conto ou romance, o enredo sempre se apresentava como algo novo, a essência das situações vivenciadas pelos personagens dessas histórias era quase sempre a mesma: um crime acontece; há mais de um suspeito; a polícia não consegue resolver o caso; entram em cena o famoso detetive singular e o seu ajudante; um método próprio e característico do detetive é empregado; o mistério envolto no crime é solucionado pelo detetive. Final da história. Os detetives mais famosos desse tipo de literatura possuem fãs até os dias de hoje (estou incluído nessa), e as adaptações para diversas plataformas continuam a polvorosa. A pretensão bastante singela desse brevíssimo texto é no sentido de fazer jus aquele que foi um dos propulsores desse tipo de literatura. A literatura policial já estava presente em Edgar Allan Poe, escritor que em meio aos seus contos de terror, cedeu espaço para a elaboração de um personagem que que fez sua própria escola. No conto “Assassinatos na Rua Morgue”, Poe narra a história de duas mulheres que foram brutalmente assassinadas na Rua Morgue. A resolução do caso era impossível, pois inexistiam pistas solúveis que pudessem levar à determinação de como o crime havia sido cometido e quem seria o responsável. Aí que o detetive Dupin entra na história, quando passa a investigar por conta própria as circunstâncias nas quais se deram o crime. Analisando os mesmos indícios que foram observados pela polícia, Dupin chega à solução do caso ao utilizar um método dedutivo próprio – característica marcante nos detetives que pulularam posteriormente nesse gênero literário. A observação precisa dos fatos e de pequenices ignoradas pela maioria leva Dupin a compreender o que houvera. O conto é curto e de fácil acesso. Quem tiver curiosidade de conhecer o detetive criado por Poe (ou ainda em saber o final da história), certamente encontrará a história sem maiores dificuldades. Vale conferir a criação do pai do romance policial moderno, como bem define a edição publicada pela L&PM, tanto pelo aspecto literário – conhecendo-se as origens do gênero e o âmago da construção do estereótipo dos famosos detetives literários, quanto pelo viés jurídico – afinal, em histórias de detetive, sempre estão presentes diversas questões e fatores referentes à motivação de condutas criminosas, investigação policial, métodos aplicados para se buscar o responsável por um crime, e muito mais. Importantes lições, portanto, daí podem ser extraídas – além, é claro, do prazer único proporcionado por esse estilo de literatura. Paulo Silas Taporosky Filho Advogado Especialista em Ciências Penais Especialista em Direito Processual Penal Especialista em Filosofia Mestrando em Direito pela UNINTER Membro da Rede Brasileira de Direito e Literatura Membro da Comissão de Prerrogativas da OAB/PR E-mail: [email protected] BIBLIOGRAFIA CONSULTADA POE, Edgar Allan. Assassinatos na Rua Morgue e Outras Histórias. Porto Alegre: L&PM, 2016. Comments are closed.
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ISSN 2526-0456 |