O que leva uma pessoa supostamente inteligente, se tornar eleitor e defender cegamente o Führer ("condutor", "guia", "líder" ou "chefe") máximo do partido dos trabalhadores? A mesma pergunta surge como um raio, quando observamos semelhante fenômeno quando alguém se torna eleitor de outro Führer: Bolsonaro.
Do ponto de vista econômico, a gestão (se é que podemos chamar o que houve nos últimos 12 anos de gestão) teve por alicerce uma politica econômica que tinha a venda de commodities para China como sendo a receita chave de todo o processo de desenvolvimento, e com isso o Estado acabou se tornando o grande motor que fazia a máquina girar, pagando altos salários ao funcionalismo público e distribuindo bolsa-fome aos desesperados, e bolsa-propina aos empresários, como forma de encurralamento eleitoral e aparelhamento do Estado. É obvio que qualquer vendedor de uma lojinha ou de uma banca de doces, nas principais ruas das capitais do Brasil, sabe que quando as vendas não estiverem bem, é necessário cortar gastos. Desta forma, duas coisas ficam evidentes neste relato: a) 2 + 2 = 4 e não 5; b) O Estado não pode ser promotor do desenvolvimento, uma vez que ele não produz riqueza, apenas possui a capacidade de gerir os gastos públicos e manter o equilíbrio fiscal. Afinal, são as pequenas e médias empresas que são capazes de produzir bens de capital. Mas a parceria PT/MDB durante 12 anos, seguindo o raciocínio de um adolescente, como alguém que teve pela primeira vez um cartão de crédito American Express sem limite, realizou a proeza de nos introduzir na pior recessão que o país conheceu[1]colocando nossa vida a curto, médio, quiçá em longo prazo sem qualquer futuro possível, ou melhor, provando o que os céticos vivem nos dizendo: não existe outro mundo possível. É neste momento que aparece esta persona que conhecemos como Bolsonaro. Qual a sua política econômica? Tendo por referência seu passado histórico e seus mitos referenciais (o golpe militar de 1964), tudo indica que o modelo econômico que ele tem em mente é de um Estado desenvolvimentista, ou melhor, o mesmo modelo político-econômico adotado na gestão do Lula e Dilma. Poderia ser diferente? Não. Repito: minha afirmação tem por base o passado histórico e a formação do candidato à presidência da República. Não é preciso ir muito longe para saber que é este o universo econômico que o Bolsonaro mais se aproxima. É importante ressaltar que apesar das diferenças ideológicas do PT com os militares, a esquerda petista, deve ter estudado economia através de precários manuais fornecidos pelos militares na década de 70 que levou o país ao “milagre econômico” e depois a bancarrota nas mãos do famigerado Sarney (MDB) na década 80 e do Delfim Netto, ministro durante a gestão dos militares e do período Lula/Dilma. Por sinal, os aliados do PT nestes últimos 12 anos de desastrosa gestão foram o MDB, PSOL, PCdoB entre outros. Que possuem o mesmo raciocínio econômico e político. Por outro lado, o Lula e o PT com sua política identitária irresponsável colocou o pobre contra o rico, o burguês contra o operário, o negro contra o branco, o índio contra o branco, homossexual contra o heterossexual, a mulher contra o homem, e assim dividiu o país, com anuência de seus “intelectuais”, como Márcia Tiburi, Jessé Souza, Marilena Chauí, incitando a violência e muitas vezes legitimando a criminalidade de muitos grupos, considerados pelos mesmos como vítimas da sociedade. Do outro lado, temos Bolsonaro, politicamente incorreto, mas irresponsável da mesma forma, buscando capitalizar o medo que a classe média tem por se ver atingida por tamanha crise moral e estatal, (a mesma tática utilizada por Le Pen, Trump, e a extrema direita na Europa, que busca capitalizar o medo gerado entre o europeu médio que se vê diante do terrorismo, tendo como bode expiatório o imigrante árabe). No nosso caso, a criminalidade urbana, as milícias e o tráfico nas grandes cidades. O que o Bolsonaro tem a oferecer? O mesmo que o Lula: NADA! Apenas uma retrotopia (um retorno as grandes utopias falidas da história). Muitos dos eleitores do Lula e Bolsonaro não viveram os negros períodos da ditadura militar no Brasil e na América Latina, ou passaram pelos grandes campos de concentração de Stalin ou no Vietnã, ou ainda, os fuzilamentos sumários em Cuba. Pode parecer evidente que não tivemos Campos de Concentração no Brasil. Mas o que poderia parecer um descuido do autor que escreve este artigo opinativo, ao realizar tal comparação, é preciso lembrar que já tivemos e temos partidos políticos de extrema esquerda ou direita e que apoiam ditaturas sanguinárias na América Latina e no mundo, que realizaram este tipo de atrocidade. Não se justifica em nome da segurança apoio a qualquer forma de ditatura, seja de esquerda ou direita. Todavia existem aqueles que preferem abrir mão da liberdade de expressão e do seu direito de ir e vir, em nome de uma suposta segurança garantida por ladrões, bandidos e ditadores. Por honestidade intelectual é importante dizer que sou engenheiro militar formado pela Escola de Sargentos do Exército em 1993, e filho de militar, este que participou e vivenciou efetivamente o processo político-econômico ditatorial de 1964 a 1988. Wellington Lima Amorim Pós-doutorando em Desenvolvimento Regional - Universidade do Contestado – UNC Pós-doutorando em Filosofia - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFR Doutorado pelo Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) Mestrado em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2005) Especialização sobre o Ensino de Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2005) Graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003) Superior de Tecnologia em Construções Militares (1993) Membro e sócio individual da Casa do Poeta em Praia Grande/SP Professor do Mestrado de Ética e Epistemologia da Universidade Federal do Piaui Professor do Mestrado de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão Professor colaborador do Instituto Véritas Líder do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Humanas, Contingência e Técnica [1] Segundo o IBGE e o IPEA foi registrado um recuoo econômico de 7,2%. Em 1930 e 31 as retrações foram de 2,1% e 3,3%. O IPEA possui dados econômicos desde 1901. Comments are closed.
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