A Filosofia da Libertação destaca-se como libertadora do pensamento que não perfaz os domínios eurocêntricos e norte-americanos, sendo essa racionalidade base para uma real mudança de um paradigma embutido desde as épocas das colonizações, que entra em crise a partir da segregação e injustiça com os excluídos do eixo mais influente do planeta.
Puramente latino-americana, a Filosofia de Enrique Dussel demonstra em sua práxis o rompimento com a totalidade criada e moldada a partir dos países dominantes para os mais pobres. Nesse interim, é essencial entender que é por intermédio de uma crescente miséria humana que se destaca nas regiões reconhecidas como periféricas, e uma exclusão do indivíduo frente ao Estado que perde sua força e autonomia quando se depara com as grandes empresas capitalistas, que visam o lucro acima de tudo, que causa uma progressiva desregulamentação. Junto a ela, a globalização e a totalidade, somente crescem em detrimento dos cidadãos mais carentes, excluídos e segregados. O rompimento com tal totalidade, apregoado pelo pensamento dusseliano, demonstra que há uma crise do paradigma vigente que não mais se sustenta e precisa ser modificado; para isso, romper os grilhões que identificam oprimidos e opressores deve ser essencial meta. Ao elaborar o discurso a partir das mazelas sociais causadas por um esquecimento do cidadão oprimido, por um Estado inerte e uma totalidade que o subjuga, a Filosofia da Libertação constitui-se em um pensamento raro de liberdade e de transformação. Entretanto, ao gerar possibilidades para a libertação das vítimas esquecidas e cerceadas tanto pelo Estado, quanto pelas práticas das grandes empresas que visam apenas lucro, afirma que há uma crise no conceito atual em que se vive. Dessa forma, o paradigma que se posta e que é reconhecido há tempos, unindo todos numa totalidade que se arraiga nos países mais influentes do mundo para os menos afortunados e reconhecidos como colonizados, se levanta como uma falácia. Contudo, mesmo com a crise do atual paradigma, a intenção da manutenção do status quo pelos países mais ricos surge em forma de uma globalização que somente cresce, desregulamentando o Estado em benefício das grandes companhias europeias e norte americanas, causando mais opressão e criando mais vítimas nas regiões mais pobres. A proposta dusseliana é pela libertação das práticas opressivas, entre essas, o uso da economia em benefício dos grandes centros e grandes empresas e o afastamento do Estado de seu cidadão. A ruptura deve se desenvolver com parcimônia, uma vez em crise que necessite de uma revolução de todos os seus objetos de estudos e de seus objetivos, que são sociais, econômicos, filosóficos e sociológicos. Um desregramento perante a totalidade deve ocorrer em respeito às bases enraizadas na história dos países emergentes, sua cultura e sua arte, bem como, na força de seu povo que clama por soberania e liberdade. Só que para isso alguns pontos práticos devem ser observados, entre eles:
Esses são apenas alguns pontos, entre os mais importantes e necessários, para um início de uma libertação pela filosofia da libertação. Importante entender que não se trata de uma vertente ideológica regional ou um derrame de nacionalismo, disfarçado por patriotismo. Aqui, há a criticidade apregoada por Hannah Arendt, por Adorno e por Horkheimer. Trata-se de uma ética que apenas os territórios excluídos podem suportar; pois ao adentrar o terreno da hegemonia e da globalização do capital, a intensificação da pobreza e da exclusão se fez maçante nesses países não hegemônicos. Dessa maneira, somente esses podem de fato, a partir de uma ética nova para com seus semelhantes, empregar a Filosofia da Libertação. Iverson Kech Ferreira Mestre em Direito - Uninter Pós-graduado pela Academia Brasileira de Direito Constitucional, na área do Direito Penal e Direito Processual Penal Advogado Comments are closed.
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ISSN 2526-0456 |