A advocacia criminal, assim como no esporte, precisa de dedicação e treino e, sobretudo, vontade de vencer. Como tem sido matéria recorrente em muitos doutrinadores, o processo penal e o papel do advogado se assemelham, e muito, a um jogo, no qual os profissionais precisam analisar de maneira cuidadosa a estratégia que irão adotar e os elementos que pretendem apresentar.
Por suposto que nem sempre a estratégia utilizada é a mais adequada, principalmente quando somos principiantes. Poucos iniciam na carreira de maneira avassaladora. O início sempre é assustador e muitas vezes, como já disse noutro texto, nos deparamos com o erro e com o medo da derrota. Tudo isso é perfeitamente normal. Todavia, o que deve nos mover, acima de tudo, é a vontade de ser a cada dia melhor, sem o medo do erro. Ser hoje, melhor que ontem; ser amanhã, melhor que hoje. Assim, como no esporte, a advocacia criminal nos exige a superação dos próprios limites. Requer de nós a perseverança de não desistir e continuar lutando até o final, ainda que o resultado favorável possa não aparecer. Sempre entendi a advocacia como a arte de pedir exaustivamente e de maneira combativa, a ponto de nunca permitir a ninguém que diga que não tentamos a busca pelo melhor resultado. É preciso que sejamos autocríticos, que observemos os velhos trabalhos, detectemos os erros e nos imponhamos a necessidade de jamais repeti-los. Nunca é demais olhar aquela antiga petição escrita há meses atrás com o fim de ver o quanto nos desenvolvemos, o quanto evoluímos ou até mesmo o quanto estamos estagnados. É imperioso ter a humildade de compreender que precisamos saber mais do que já sabemos. No fundo, nós somos nossos próprios adversários. O verdadeiro advogado criminal não é aquele que se encontra na profissão por falta de opção, ou que se autointitula criminalista porque gosta de ler manuais de direito penal ou processo penal. O advogado criminal tem que respirar e viver a advocacia criminal, defender o direito e a liberdade sem pestanejar e deve ter coragem suficiente para arriscar. O verdadeiro advogado criminal nunca está tranquilo o suficiente, ele sempre tem que querer saber mais e conhecer mais. Ele tem que ter o espírito de vencer – mesmo que não vença efetivamente em certas situações. O advogado criminal deve sempre querer ser vencedor, não pode ser um mero conformista, alguém que abre mão da luta por não acreditar que é possível superar todas as adversidades que circundam um caso criminal Somente ganha quem tenta ganhar. Não existe nenhum segredo para o “sucesso”. Às vezes perdemos, às vezes ganhamos, mas o que interessa é que o advogado nunca esteja satisfeito e sempre tenha em mente que poderia ter sido melhor ainda – e que para ser melhor é preciso exaustão e muito “treino” (estudo e reflexão). Obviamente que a gana pela vitória deve vir acompanhada da necessária observância da ética e dos limites legais que nos são impostos. A deslealdade não faz parte das “regras do jogo”. Entretanto, estando afinado com os limites éticos e legais, a vitória sempre deve ser o sentido da atuação do criminalista – nunca esqueçam que em cada processo criminal há uma vida e uma família clamando pela nossa mais ampla dedicação, por isso mesmo nunca devemos querer fazer apenas “o suficiente”. Douglas Rodrigues da Silva Especialista em Direito Penal e Processo Penal Advogado Criminal Comments are closed.
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