Artigo do Colunista Iverson Kech Ferreira sobre a obra de Michel Montaigne, vale a leitura! ''Não há liberdade sem democracia. Não há democracia sem um povo livre. E nesse contrato em que a sociedade vive e labora as liberdades, os incentivos e a aceitação; nada pode ser mais nocivo que as arbitrariedades. A prepotência é base para a tirania, a opressão é a fundação do déspota. Toda ideia, segundo MONTAIGNE, está submetida ao tempo em que o homem vive; mas ainda assim, pode ser transformada; através da dúvida, que nada mais é do que a crítica''. Por Iverson Kech Ferreira O enfoque não é mais o retorno à normalidade, mas o recomeço. E esse reinício somente pode vir a ser realizado a partir de inúmeras reflexões e ensaios para o novo.
Dentre elas, algumas são bastante realizáveis, outras carecem um pouco mais de equilíbrio lógico e vontade. Muitas vezes, a lógica se apresenta como um ideal que pode ser alcançado naturalmente, mas nem sempre sua racionalidade se expõe com tamanho desembaraço. Para isso é inevitável demonstrar toda sua argumentação, pois eis que necessário que determinadas situações sejam confirmadas. Entre elas, para o início, a evidencia de que as liberdades e a democracia são manifestamente os pilares que sustentam a civilização ocidental moderna; por meio de suas possibilidades de remodelação do próprio pensamento. Não há liberdade sem democracia. Não há democracia sem um povo livre. E nesse contrato em que a sociedade vive e labora as liberdades, os incentivos e a aceitação; nada pode ser mais nocivo que as arbitrariedades. A prepotência é base para a tirania, a opressão é a fundação do déspota. Toda ideia, segundo MONTAIGNE, está submetida ao tempo em que o homem vive; mas ainda assim, pode ser transformada; através da dúvida, que nada mais é do que a crítica. Nesse tempo, perdeu-se toda a reflexão crítica, deixou-se de lado um raciocínio ativo em troca das facilidades de um pensamento convencional, mesmo que irascível. Deixou-se de criticar. Não haverá recomeço saudável sem o consciente pensamento, capaz de moldurar a análise, apta para discernir entre determinados caminhos. O destaque desse tempo de dificuldades fica por conta da própria natureza humana. O homem, que chegou ao ápice da cadeia alimentar (quiçá do seu ciclo evolutivo), é passível de destruição por um minúsculo organismo acelular. Pior, quando não muito, se destrói por conta própria. E contra um mal desse aporte, invisível mas infalível, há o contra-ataque. Não existe forma de encarar o novo tempo sem o suporte da ciência. É ela que vem e que avança onde há carência da luz, pois o conhecimento é moldado em métodos, formas e procedimentos. Nota-se a constante investida contra a ciência, proveniente de irracionalidades acirradas pelo desprezo, formalizado por um rebanho de ignorantes, capitaneados por um incoerente pseudoconhecimento, ou por um pseudoconhecedor. Emaranhados no obscurantismo e em dogmas místicos, a caminhada rumo à iluminação se concentra em um ininterrupto jogo de provocações, baseadas em preceitos primitivos. Acaloradas discussões acerca da forma do planeta, ou inúteis jejuns em prol de salvação, somente demonstram a perda de um rumo essencial cujo aspecto de união se mantem desprezado. Aqui a salvação chega apenas àqueles poucos que fazem sua parca parte, de maneira obscura e ordinária. Noutra ponta desse emaranhado, a batalha de alguns é pela sobrevivência de muitos. E se apegam naquilo que podem da melhor forma possível, entram no campo de batalha e travam lutas diárias contra a escuridão. Médicos e enfermeiros se desdobram num ambiente conhecido, perante um inimigo inexplorado; e contra o tempo, o governo, a economia e uma boa porção da população que não percebeu sua importância nessa contenda. Para o reinício das coisas o sentido deve vir precedido de algo que ainda não se possui, algo que não se entende. Esse seria o primeiro passo. É necessário entender a importância do outro em nossa própria vida. Compreender a irrelevância de determinados bens que apenas controlam a existência, e que a vida é única; é uma dádiva que não merece menosprezo, muito menos, indiferença. Iverson Kech Ferreira Mestre em Direito, Teoria e História da Jurisdição, no Centro Universitário Internacional Uninter, Pós graduado pela Academia Brasileira de Direito Constitucional, PR, na área do Direito Penal e Direito Processual Penal, possui graduação em Direito pelo Centro Universitário Internacional. É professor universitário e pesquisador desenvolvendo trabalhos acerca de estudos envolvendo a Criminologia, com ênfase em Sociologia do Desvio, Criminologia Crítica e Política criminal. Advogado especializado em Direito Penal e Processual Penal, associado aos quadros da OAB/PR. Autor de livros de direito e sociologia penal, professor de direito penal, processo penal e criminologia. Referência bibliográfica: MONTAIGNE, Michel. Ensaios.
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