Lima Barreto, em 1915, escreveu: “Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela humanidade.”
Eu diria 103 anos depois: - Eu também sou candidato a presidente, assim como Lima Barreto, sou seu colega de partido, não farei nada pela pátria, família ou humanidade. Mil caíram de um lado gritando: - Enlouqueceu? Outros mil cairão do outro lado: - Um reaça na presidência? Nada disso, não se precipitem, é importante lembrar que eu não farei nada. Nada será meu nome, logo existe a possibilidade de tudo ser feito, apenas como possibilidade, sem a menor vontade de efetividade. Imagine eu ter que brigar com o MDB? Eu teria “certamente, os duzentos e tantos espíritos dos seus colegas” contra mim. Seguirei o conselho do carioquíssimo Lima Barreto: “para poder fazer alguma coisa útil, não farei coisa alguma, a não ser receber o subsídio”. Mas qual seria a teoria que fundamentaria a minha não ação política? A complexidade dialética da orientalidade na mais pura representação marxista. Esta teoria prevê que sempre que eu fizer algo de bom para mim estarei ajudando o próximo. Afinal como prediz a dialética marxista, maoísta, leninista, psolista, petista, toda melhoria realizada pela parte reflete no Todo. Foi somente depois de compreender a essência desta teoria, que consegui explicar o paradoxo de um homem de esquerda no RJ, morar na Barra da Tijuca, ter um carro importado, e ainda dizer que está comprometido com a causa da comunidade. Sendo assim, darei mais conforto para minha mulher. Comprarei um smartphone de ultima geração como presente. Carro importado conversível. Viagens a Europa. Os melhores vinhos, uísque e roupas de grife. Silicone, tratamento estético para as nádegas da minha mulher ficarem lisinhas como bunda de bebe. Se eu quero que o povo viva como rei, primeiramente viverei como soberano absoluto da realidade. Como diria Lima Barreto: “Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a humanidade ganha. Ganha porque sendo ela parcelas da humanidade, a sua situação melhorando, essa melhoria reflete sobre o todo de que fazem parte”. Para aqueles que não acreditam na minha teoria política, exemplificarei através da ação politica de nosso maior des-representante, o condenado injustamente, que fundamentou sua teoria a partir da Física contemporânea: - “Não pararei porque eu não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês. A morte de um combatente não para a revolução”. É justa ou não a minha candidatura? Wellington Lima Amorim Pós-doutorando em Desenvolvimento Regional - Universidade do Contestado – UNC Pós-doutorando em Filosofia - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Doutorado pelo Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) Mestrado em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2005) Especialização sobre o Ensino de Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2005) Graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003) Superior de Tecnologia em Construções Militares (1993) Membro e sócio individual da Casa do Poeta em Praia Grande/SP Professor do Mestrado de Ética e Epistemologia da Universidade Federal do Piaui Professor do Mestrado de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão Professor colaborador do Instituto Véritas Líder do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciências Humanas, Contingência e Técnica Comments are closed.
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ISSN 2526-0456 |